sábado, 10 de março de 2012

O Compositor Me Disse


O Compositor Me Disse
Gilberto Gil

O compositor me disse que eu cantasse distraidamente
Essa canção
Que eu cantasse como se o vento soprasse pela boca
Vindo do pulmão
E que eu ficasse ao lado pra escutar o vento jogando as palavras
Pelo ar

O compositor me disse que eu cantasse ligada no vento
Sem ligar
Pras coisas que ele quis dizer
Que eu não pensasse em mim nem em você
Que eu cantasse distraidamente como bate o coração
E que eu parasse aqui
Assim

Áudio Elis Regina

terça-feira, 6 de março de 2012

Melodia Sentimental


Da suíte sinfônica A Floresta do Amazonas (1958), Melodia Sentimental, de Heitor Villa-Lobos sobre poema de  Dora Vasconcelos, possui várias interpretações, das quais selecionei a de João Bosco (voz, violão e arranjo) e Marco Pereira (violões, violão 8 cordas) no disco de João intitulado Dá Licença, Meu Senhor, de 1995.

Melodia Sentimental
Heitor Villa-Lobos e Dora Vasconcelos

Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar
As asas da noite que surgem
E correm o espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar
Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor
Acorda, vem olhar a lua
Que dorme na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar

Áudio João Bosco e Marco Pereira

segunda-feira, 5 de março de 2012

Bachianas Brasileiras n.4 - Prelúdio


Hoje o maestro Heitor Villa-Lobos completaria 125 anos. Em sua homenagem selecionei uma de suas composições de que mais gosto: o Prelúdio das Bachianas Brasileiras n.4. A primeira interpretação é de Egberto Gismonti (piano, sintetizador e arranjo) acompanhado por uma orquestra de cordas no disco Trem Caipira (1985), todo com obras do Villa, um espetáculo! Já a segunda é um vídeo com a orquestra de cordas Arte Viva, regida por Amilson Godoy, outro espetáculo!

Bachianas Brasileiras n.4 - Prelúdio
Heitor Villa-Lobos

Instrumental

Áudio Egberto Gismonti e orquestra de cordas



Vídeo Orquestra de Cordas Arte Viva

domingo, 4 de março de 2012

Sangue Latino


A ótima canção Sangue Latino, de João Ricardo e Paulo Mendonça, foi interpretada em 1973 pelo grupo Secos & Molhados, composto por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gérson Conrad.

Sangue Latino
João Ricardo e Paulo Mendonça

Jurei mentiras
E sigo sozinho
Assumo os pecados

Os ventos do norte
Não movem moinhos
E o que me resta
É só um gemido

Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu Sangue Latino
Minh'alma cativa

Rompi tratados
Traí os ritos
Quebrei a lança
Lancei no espaço
Um grito, um desabafo

E o que me importa
É não estar vencido
Minha vida, meus mortos
Meus caminhos tortos
Meu Sangue Latino
Minh'alma cativa

Áudio Secos & Molhados

sábado, 3 de março de 2012

Eu Não Aguento


Eu Não Aguento, da Banda Tiroteio - Sérgio Boneka, Trambolho e Clover Over (Cássio) -, foi gravada pelos Titãs no seu álbum Domingo, de 1995 (ou 1996). Participam: Charles Gavin (bateria, samplers e programação rítmica), Marcelo Fromer (guitarra), Tony Bellotto (guitarra e violão), Sérgio Britto (voz solo e teclado) e Nando Reis (vocais e baixo), com a participação de Sérgio Boneka. A gravação tem os acordes iniciais de Sangue Latino, de João Ricardo e Paulo Mendonça, do grupo Secos e Molhados, de 1973 (ver aqui). No clip da música também há uma citação da capa do LP do grupo de Ney Matogrosso, João Ricardo e Gérson Conrad, em que as cabeças dos músicos, também maquiados, são servidas em um banquete. 

Eu Não Aguento
Banda Tiroteio

Eu não aguento, não aguento
Eu não aguento, não aguento
É de noite, é de dia
Mão na cabeça e documento

Eu vou me embora para a ilha, fazer a cabeça
Sob o sol que irradia, queimando em ritual
É na batida do reggae, com o cabelo trançado
Eu tô livre na vida, o que é que há de errado
Com a noite que brilha, o que é que há de errado
Com a noite que brilha?

(Mão na cabeça e o documento!)
É, malandragem, a vida não tá fácil não
Mas deixa que eu seguro esta bronca
Se liga...
(Mão na cabeça e o documento!)
A vida pra mim não preservou mais nada
Eu fico esperando ela terminar
A arma para mim agora está apontada
So mais uma geral que eu tenho que aguentar
Tá liberado, vai embora, some da minha frente
Se te encontro novamente vou te enquadrar
Não posso mais viver a vida alegremente
Tem sempre autoridade para me discriminar
Todo mundo pinta o sete
Eu também quero pintar

Vídeo Titãs e Sérgio Boneka



Making of do clip

sexta-feira, 2 de março de 2012

Uns Iguais Aos Outros


A banda Titãs interpreta Uns Iguais Aos Outros, de Sérgio Britto e Charles Gavin, no disco Domingo, de 1996. Participam: Nando Reis (baixo), Charles Gavin (bateria), Marcelo Fromer (guitarra), Tony Bellotto (guitarra), Paulo Miklos (vocais e teclado) e Sérgio Britto (voz solo e teclado).

Uns Iguais Aos Outros
Sérgio Britto e Charles Gavin

Os homens são todos iguais
Os homens são todos iguais
Ingleses, indianos
Africanos contra africanos
Aos humildes o reino dos céus
Ao povo alemão e ao de Israel
Putas, ladrões e aidéticos
Católicos e evangélicos
Todos os homens são iguais
Brancos, pretos e orientais
Todos são filhos de deus
Os pretos são os judeus
Cristãos e protestantes
Kaiowas contra xavantes
Árabes, turcos e iraquianos
São iguais os seres humanos
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
Americanos contra latinos
Já nascem mortos os nordestinos
Os retirantes e os jagunços
O sertão é do tamanho do mundo
Dessa vida nada se leva
Nesse mundo se ajoelha e se reza
Não importa que língua se fala
Aquilo que une é o que separa
Não julgue pra não ser julgado
Os pobres são pobres-coitados
São todos iguais no fundo, no fundo
As mulheres são os pretos do mundo
Tanto faz a cor que se herda
Seja feita a tua vontade no céu como na terra
Gays, lésbicas-homosexuais
Todos os homens são iguais
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
Os homens são todos iguais
Os homens são todos iguais
Os retirantes e os jagunços
O sertão é do tamanho do mundo
Aos humildes o reino dos céus
Ao povo alemão e ao de Israel
Não importa que língua se fala
Aquilo que une é o que separa
Todos os homens são iguais
Brancos, pretos e orientais
São todos iguais no fundo, no fundo
As mulheres são os pretos do mundo
Cristão e protestantes
Kaiowas contra xavantes
Gays, lésbicas-homosexuais
Todos os homens são iguais
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros

Áudio Titãs

quinta-feira, 1 de março de 2012

Ninguém = Ninguém


Ninguém = Ninguém, de Humberto Gessinger, está no disco Gessinger, Licks & Maltz, dos Engenheiros do Hawaii, lançado em 1992. Participam: Humberto Gessinger (voz e baixo), Carlos Maltz (bateria) e Augusto Licks (guitarra).


Ninguém = Ninguém
Humberto Gessinger

Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há tanta gente pelas ruas
Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
(Ninguém = Ninguém)
Me espanta que tanta gente sinta
(Se é que sente) a mesma indiferença

Há tantos quadros na parede
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro
Há palavras que nunca são ditas
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:
(Ninguém = Ninguém)
Me espanta que tanta gente minta
(Descaradamente) a mesma mentira

Todos iguais
Todos iguais
Mas uns mais iguais que os outros

Há pouca água e muita sede
Uma represa, um apartheid
(A vida seca, os olhos úmidos)
Entre duas pessoas
Entre quatro paredes
Tudo fica claro
Ninguém fica indiferente
(Ninguém = Ninguém)
Me assusta que justamente agora
Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora

Todos iguais
Todos iguais
Mas uns mais iguais que os outros

O que me encanta é que tanta gente
Sinta (se é que sente)
Ou
Minta (desesperadamente)
Da mesma forma

Todos iguais
Todos iguais
Mas uns mais iguais que os outros
Todos iguais
Todos iguais
Tão desiguais...
Tão desiguais...

Áudio Engenheiros do Hawaii



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

The Frog - A Rã


Fiquei sabendo que em inglês ano bissexto é chamado leap year (leap significa "pular"), ou seja, a data de hoje irá "pular" quatro anos, se repetindo somente em 2016; eis o porquê da associação desse dia com sapos, nos países de língua inglesa (ver aqui e aqui). Aí me lembrei da composição The Frog (O Sapo), de João Donato, interpretada por ele no seu álbum A Bad Donato, de 1970, e por João Gilberto no seu disco do mesmo ano. A música ganhou depois letra de Caetano Veloso e passou a se chamar A Rã, interpretada por Gal Costa em seu disco Cantar, de 1974.

The Frog
João Donato

Instrumental


A Rã
João Donato e Caetano Veloso

Coro de cor
Sombra de som de cor
De mal-me-quer
De mal-me-quer de bem
De bem-me-diz
De me dizendo assim
Serei feliz
Serei feliz de flor
De flor em flor
De samba em samba em som
De vai e vem
De ver de verde ver
Pé de capim
Bico de pena pio
De bem-te-vi
Amanhecendo sim
Perto de mim
Perto da claridade
Da manhã
A grama a lama tudo
É minha irmã
A rama o sapo o salto
De uma rã

Áudio João Donato



Áudio João Gilberto



Áudio Gal Costa

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Brisa do Mar


Nana Caymmi interpreta Brisa do Mar, de João Donato e Abel Silva em seu disco "...E a Gente Nem Deu Nome", de 1981.

Brisa do Mar
João Donato e Abel Silva

Brisa do mar
Confidente do meu coração
Me sinto capaz de uma nova ilusão

Que também passará
Como ondas na beira de um cais
Juras, promessas, canções
Mas por onde andarás

Pra ser feliz não há uma lei
Não há porém sempre é bom
Viver a vida atento ao que diz
No fundo do peito o seu coração

E saber entender
Os segredos que ele ensinou
Mensagens sutis
Como a brisa do mar

Áudio Nana Caymmi

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Conversa de Botequim


Em 1935 Noel Rosa gravou Conversa de Botequim, sua e de Vadico. Ótima composição e ótima interpretação!!

Conversa de Botequim
Vadico e Noel Rosa

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo, um copo de água bem gelada
Fecha a porta da direita com muito cuidado
Que eu não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto e nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palito e um cigarro pra espantar mosquito
Vá dizer ao charuteiro que me empreste
Uma revista, um isqueiro e um cinzeiro
Telefone ao menos uma vez para 34-4333
E ordene ao seu Osório que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom, me empreste algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente que pendure esta despesa
No cabide ali em frente

Áudio Noel Rosa

domingo, 26 de fevereiro de 2012

É Preciso Discutir


É  Preciso Discutir, de Noel Rosa, na ótima interpretação dos Ases do Samba: Francisco Alves e Mario Reis. A gravação é de 1931.

É  Preciso Discutir
Noel Rosa

Francisco Alves:
Na introdução deste samba
Quero avisar por um modo qualquer
Que esta briga
É por causa de uma mulher

Mario Reis:
E eu aviso também
Que neste samba agora me meto
Para cantar
Com Francisco Alves em dueto

É  preciso discutir
Mas não quero discussão
Da discussão sai a razão
Mas às vezes sai pancada
A questão é complicada
Quero ver a decisão

A mulher tem que ser minha
A mulher não traz letreiro
Foi comigo que ela vinha
Mas fui eu quem viu primeiro
Ela é minha porque vi
Mas quem segurou fui eu
A conversa já meti
A mulher não escolheu
E podes crer que...

Já perdi a paciência
Eu por ela me arrisco
Sou capaz de violência
Mas não vai quebrar o disco
Quanto tempo foi perdido
Perdi tempo pra ganhar
Ganhar fama de atrevido
Quem se atreve quer brigar
E podes crer que...

Áudio Francisco Alves e Mario Reis

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Foi Ela


Francisco Alves gravou Foi Ela, de Ary Barroso, em 1935. Mulher danada essa! hehehe...

Foi Ela
Ary Barroso

Quem quebrou meu violão de estimação
Foi ela!
Quem fez do meu coração seu barracão
Foi ela!
E depois me abandonou, ô, ô, ô, ô
Minha casa se despovoou
Quem me fez tão infeliz só porque quis
Foi ela!
Foi um sonho que findou, ô, ô, ô, ô
Um romance que acabou, ô, ô,ô, ô
Quem fingiu gostar de mim até o fim
Foi ela!

Áudio Francisco Alves

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Dois Corações


Dois Corações, de Herivelto Martins e Valdemar Gomes, foi interpretada pela primeira vez pela mulher de Herivelto, Dalva de Oliveira, e o Rei da Voz, Francisco Alves, em 1942. Aqui apresentamos um dueto póstumo com Dalva e seu filho (com Herivelto) Pery Ribeiro, gravação lançada no disco Tributo à Dalva de Oliveira, de 1997.

Dois Corações
Herivelto Martins e Waldemar Gomes

Quando dois corações se amam de verdade
Não pode haver no mundo maior felicidade
Tudo é alegria, tudo é ilusão
Que bom que não seria se eu tivesse um amor

Eu sou o poeta que canta a lua quarto crescente
Sozinho, sem vida, descrente
Lua cheia, onde estais que não clarea
Esse triste coração, vazio caramanchão

Áudio Dalva de Oliveira e Pery Ribeiro

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Correnteza


Correnteza é o título do segundo álbum de Edu Krieger, lançado em 2009. Aqui ele interpreta a canção-título tocando violão 8 cordas.

Correnteza
Edu Krieger

Correnteza leva o rio
Leva o rio devagar
Vai correndo tão macio
deslizando para o mar
O amor é meu navio
Pra contigo navegar
O amor é meu navio
Pra contigo navegar

Vai correnteza
Leva embora essa tristeza
Que em meu peito transbordou
Vai correnteza
E me leva bem depressa
Pra encontrar o meu amor

Correnteza leva o rio
Eu também quero levar
Pra bem longe esse vazio
Que em meu peito quer morar
Ser feliz é um desafio
Mas a gente chega lá
Ser feliz é um desafio
Mas a gente chega lá

Vídeo Edu Krieger

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Novo Amor


Nesta quarta-feira de cinzas, encerrando o carnaval, apresentamos Novo Amor, de Edu Krieger, na ótima interpretação de Roberta Sá e Hamilton de Hollanda com seu bandolim em dois momentos: na gravação do disco de Roberta intitulado Que Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria, de 2007, e no vídeo com os dois intérpretes.

Novo Amor
Edu Krieger

A luz apaga porque já raiou o dia
E a fantasia vai voltar pro barracão
Outra ilusão desaparece quarta-feira
Queira ou não queira terminou o carnaval

Mas não faz mal, não é o fim da batucada
E a madrugada vem trazer meu novo amor
Bate o tambor, chora a cuíca e o pandeiro
Come o couro no terreiro porque o choro começou

A gente ri
A gente chora
E joga fora o que passou
A gente ri
A gente chora
E comemora o novo amor

Áudio Roberta Sá e Hamilton de Hollanda


 

Vídeo Roberta Sá e Hamilton de Hollanda

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Flor da Idade



Chico Buarque escreveu Flor da Idade para a trilha do filme Vai Trabalhar Vagabundo!, de Hugo Carvana (1973) e depois a aproveitou para a trilha de sua peça (com Paulo Pontes) Gota d'Água (1975). A gravação apresentada é do disco Chico Buarque & Maria Bethânia, de 1975, e também há um trecho do filme de Carvana; em ambas Chico interpreta a música. Dessa vez o intertexto da letra é com o poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade: João amava Teresa que amava Raimundo / que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili / que não amava ninguém... (ouça Drummond aqui).

Flor da Idade
Chico Buarque

A gente faz hora, faz fila na vila do meio-dia
Pra ver Maria
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia
Nem desconfia
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família
A armadilha
A mesa posta de peixe, deixa um cheirinho da sua filha
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor

Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua
A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua
E continua
Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor

Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo
Que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos que amava Dora
Que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava
A filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha

Áudio Chico Buarque (1975)



Vídeo filme Vai Trabalhar Vagabundo!, canta Chico Buarque (1973)

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Fantasia


Fantasia, de Chico Buarque, foi lançada em seu disco de 1980. Na letra há um intertexto com o poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa: O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.

Fantasia
Chico Buarque

E se, de repente
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente
Se, de repente
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção
Então, eu te convidaria
Pra uma fantasia
Do meu violão

Canta, canta uma esperança
Canta, canta uma alegria
Canta mais
Revirando a noite
Revelando o dia
Noite e dia, noite e dia
Canta a canção do homem
Canta a canção da vida
Canta mais
Trabalhando a terra
Entornando o vinho
Canta, canta, canta, canta
Canta a canção do gozo
Canta a canção da graça
Canta mais
Preparando a tinta
Enfeitando a praça
Canta, canta, canta, canta
Canta a canção de glória
Canta a santa melodia
Canta mais
Revirando a noite
Revelando o dia
Noite e dia, noite e dia

Áudio Chico Buarque

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Sem Fantasia


Chico Buarque compôs Sem Fantasia para a sua peça Roda Viva em 1967. A gravação original, dueto com Cristina Buarque, está no seu disco daquele ano, Chico Buarque de Hollanda Volume 3. Apresentamos também a gravação do cantor/compositor em novo dueto, dessa vez com Maria Bethânia, no álbum Chico Buarque & Maria Bethânia Ao Vivo, de 1975.

Sem Fantasia
Chico Buarque

Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer
Vem, por favor não evites
Meu amor, meus convites
Minha dor, meus apelos
Vou te envolver nos cabelos
Vem perder-te em meus braços
Pelo amor de deus
Vem que eu te quero fraco
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu

Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar
Eu quero te contar
Das chuvas que apanhei
Das noites que varei
No escuro a te buscar
Eu quero te mostrar
As marcas que ganhei
Nas lutas contra o rei
Nas discussões com deus
E agora que cheguei
Eu quero a recompensa
Eu quero a prenda imensa
Dos carinhos teus

Áudio Chico Buarque e Cristina Buarque



Áudio Chico Buarque e Maria Bethânia

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ilhéu Por Devoção


O ótimo samba exaltação à cidade e personagens ilustres de Floripa intitulado Ilhéu Por Devoção, de Jorge  Coelho, está em seu disco Farol dos Naufragados, de 2003. No final ele cita vários nomes de personalidades daqui, mas essa parte não está no encarte do CD e alguns não consegui compreender, daí os pontos de interrogação na transcrição abaixo. Participam dessa gravação: Jorge Coelho (voz e vilão nylon), Arnou de Mello (contrabaixo), Marco Aurélio (trombone), Luiz Gama Pelé (percussão), Márcio Parucker (percussão), Amarildo (surdo), Carlos Antônio Gerlach (cuíca), Gisele Vianna (vocal) e Maria Helena (vocal).

Ilhéu Por Devoção
Jorge Coelho

Vai alegria, vai colher rimas ao vento
Vem cobrir de verso e prosa
Esta ilha majestosa
A luz do meu encantamento

Teu mar quem temperou
Além do sal trouxe magia
Levando a gente pra sonhar
Num verde azul se renovar
No amanhecer de todo dia

Teu sol, só deus criou
Trazendo um quê de fantasia
É a natureza a cintilar
Nos convidando pra sambar
Como se fosse uma folia

Quero saudar quem fez e faz a cara do lugar
Saul, Zininho, Dete [Piazza] e o Guga
E o Senador [Alcides Ferreira], Miguel, Roberto,
Içuriti, Cacau, Aldírio, Irê, Paru
A Nega Tide e o Franklin
Na Praça Quinze o Miramar me conquistou
De sedução em sedução
Já entreguei meu coração
Eu sou ilhéu por devoção

E a minha saudação também vai para: Valdir Agostinho, Zeca Pires, Neide Mariarrosa, Beto Stodick, Ricardinho Machado, Luiz Henrique Rosa, Mazinho do Trombone, Manoel de Menezes, Marisa Ramos, Tuca e Deto, Neném Alves, Timotinho, ?, ?, ? Cavallazzi, Maestro Hélio Teixeira da Rosa, Adolfo Zigueli, Peninha, o Arantinho, o nosso imortal Rei Momo Lagartixa, Walter Amadei, Dona Didi a eterna rainha do samba, Pedrinho do Pandeiro, Fenelon Damiani o dono da voz, e tantos outros ilhéus que esta terra há de abençoar.

Áudio Jorge Coelho e demais músicos (também aqui)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

La Belle de Jour


La Belle de Jour, de Alceu Valença, está em seu álbum 7 Desejos, lançado em 1992.

La Belle de Jour
Alceu Valença

Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
A moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour

La Belle de Jour
Era a moça mais linda de toda a cidade
E foi justamente pra ela
Que eu escrevi o meu primeiro blues
Mas Belle de Jour, no azul viajava
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
La Belle de Jour

Áudio Alceu Valença

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Anunciação


Anunciação, de Alceu Valença, foi gravada originalmente em seu disco Anjo Avesso, de 1982.

Anunciação
Alceu Valença

Na bruma leve das paixões que vêm de dentro
Tu vens chegando pra brincar no meu quintal
No teu cavalo peito nu cabelo ao vento
E o sol quarando nossas roupas no varal

Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais

A voz do anjo sussurrou no meu ouvido
E eu não duvido já escuto os teus sinais
Que tu virias numa manhã de domingo
Eu te anuncio nos sinos das catedrais

Áudio Alceu Valença

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Tropicana


Alceu Valença lançou Tropicana, sua e de Vicente Barreto no álbum Cavalo de Pau, de 1982.

Tropicana
Alceu Valença e Vicente Barreto

Da manga rosa quero o gosto e o sumo
Melão maduro sapoti juá
Jabuticaba teu olhar noturno
Beijo travoso de umbu-cajá
Pela macia ai carne de caju
Saliva doce doce mel mel de uruçu
Linda morena fruta de vez temporana
Caldo de cana-caiana
Vem me desfrutar

Morena tropicana
Eu quero teu sabor

Áudio Alceu Valença


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sintonia


No seu disco Mestiço é Isso, de 1987, Moraes Moreira gravou a música Sintonia, dele, Fred Góes e Zeca Barreto.

Sintonia
Moraes Moreira, Fred Góes e Zeca Barreto

Escute essa canção
Que é pra tocar no rádio
No rádio do seu coração
Você me sintoniza
E a gente então se liga
Nessa estação

Aumenta o seu volume
Que o ciúme
Não tem remédio
Não tem remédio
Não tem remédio não

E agora assim aqui pra nós
Pelo meu nome não me chama
Você é quem conhece mais
A voz do homem
Que te ama

Deixa eu penetrar
Na tua onda
Deixa eu me deitar
Na tua praia
Que é nesse vai e vem
Nesse vai e vem
Que a gente se dá bem
Que a gente se atrapalha

Áudio Moraes Moreira

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Coisa Acesa


Moraes Moreira lançou Coisa Acesa, dele e Fausto Nilo, em seu disco homônimo, de 1982.

Coisa Acesa
Moraes Moreira e Fausto Nilo

Atravessei os sete mares
E por todos os lugares
Por onde andei você me dava vida

Foi uma dádiva da natureza
Essa coisa acesa
Que hoje vejo em ti

Não acredito nem que o mundo chora
Foi bonito agora
Vi você sorrir

Chega nego, nego, nego, nego
nego, nego, para
Chega nego, nego, nego, nego
Teu chamego para mim

Tudo que me dá sossego é assim
Chega nego, nego, nego
Vem pra mim

Áudio Moraes Moreira

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Acabou Chorare


Homenagem a João Gilberto, Acabou Chorare, de Moraes Moreira e Luís Galvão, foi lançada no ótimo disco homônimo dos Novos Baianos, de 1972. Com Moraes Moreira (voz, violão e arranjo) e Pepeu Gomes (craviola e arranjo).

Acabou Chorare
Moraes Moreira e Luís Galvão

Acabou chorare, ficou tudo lindo
De manhã cedinho, tudo cá cá cá, na fé fé fé
No bu bu li li, no bu bu li lindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo
No bu bu bolindo

Talvez pelo buraquinho, invadiu-me a casa, me acordou na cama
Tomou o meu coração e sentou na minha mão

Abelha, abelhinha...

Acabou chorare, faz zunzum pra eu ver, faz zunzum pra mim

Abelho, abelhinho escondido faz bonito, faz zunzum e mel
Faz zum zum e mel
Faz zum zum e mel

Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente
Inda de lambuja tem o carneirinho, presente na boca
Acordando toda gente, tão suave mé, que suavemente

Abelha, carneirinho...

Acabou chorare no meio do mundo
Respirei eu fundo, foi-se tudo pra escanteio
Vi o sapo na lagoa, entre nessa que é boa

Fiz zunzum e pronto
Fiz zum zum e pronto
Fiz zum zum e pronto
Fiz zum zum

Áudio Novos Baianos


sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Mal É o Que Sai da Boca do Homem


O então casal Baby Consulo (atualmente Baby do Brasil) e Pepeu Gomes lançou a irrevente música O Mal É o Que Sai da Boca do Homem, deles e Luís Galvão, em 1980.

O Mal É o Que Sai da Boca do Homem
Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Luís Galvão

Você pode fumar baseado
Baseado em que você pode fazer quase tudo
Contanto que você possua
Mas não seja possuído

Porque o mal nunca entrou pela boca
Do homem
Porque o mal é o que sai da boca
Do homem

Você pode comer baseado
Baseado em que você pode comer quase tudo
Contanto que deixe um pouquinho
Um pouquinho de fome

Você pode beber baseado
Baseado em que você pode beber quase tudo
Contanto que deixe um pouquinho
Um pouquinho pro santo

Áudio Baby Consuelo e Pepeu Gomes (também aqui)

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Eu Também Quero Beijar


Eu Também Quero Beijar, de Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Fausto Nilo, é a música de abertura do disco Pepeu Gomes, de 1981. Participam: Pepeu Gomes (guitarra, bandolim), Luciano Alves (teclados), Jorginho Gomes (bateria), Didi Gomes (baixo) e Charles Negrita (percussão).

Eu Também Quero Beijar
Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Fausto Nilo

A flor do desejo
E do maracujá
Eu também quero beijar

Haja fogo, haja guerra,
Haja guerra que há
Eu também quero beijar

Do farol da barra
Ao jardim de alá
Eu também quero beijar

Da pele morena
Daquela acolá
Eu também quero beijar

Beijo a flor
Mas a flor que eu desejo
Eu não posso beijar
Ai amor
Haja fogo, haja guerra,
Haja guerra que há

Teu cheiro

É o marinheiro do barco fantasma que vai me levar
Mundo inteiro
Haja fogo, haja guerra,
Haja guerra que há

Festejo

Áudio Pepeu Gomes e demais músicos

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Fogo e Paixão


O hit Fogo e Paixão, de Rose, foi lançado por Wando em seu disco Vulgar e Comum É Não Morrer de Amor, de 1985.

Fogo e Paixão
Rose

Você é luz
É raio, estrela e luar
Manhã de sol
Meu iaiá, meu ioiô
Você é "sim"
E nunca meu "não"
Quando tão louca
Me beija na boca
Me ama no chão

Me suja de carmim
Me põe na boca o mel
Louca de amor
Me chama de céu
Oh! Oh! Oh! Oh! Oh!
E quando sai de mim
Leva meu coração
Você é fogo
Eu sou paixão

Áudio Wando

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Moça


Moça foi lançada no LP de 1975 do cantor e compositor Wando.

Moça
Wando

Moça, me espere amanhã
Levo o meu coração pronto pra te entregar
Moça, moça eu te prometo
Eu me viro do avesso, só pra te abraçar

Moça, sei que já não é pura
Teu passado é tão forte, pode até machucar
Moça, dobre as mangas do tempo
Jogue teu sentimento todo em minhas mãos

Eu quero me embolar nos teus cabelos
Abraçar teu corpo inteiro
Morrer de amor, de amor me perder

Vídeo Wando

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Complexo de Épico


Música de seu álbum Todos os Olhos, de 1973, Complexo de Épico é mais uma música crítica e arrebatadora de Tom Zé, já pelos versos iniciais que apresentam seu ponto de vista - e escuta - a respeito do compositor brasileiro, além da própria estrutura da música, com pouca melodia, mas muito rítmica e percusiva, o que também é realça e/ou é realçado pela maneira de cantar do cantor e a repetição dos versos do refrão.  


Complexo de Épico
Tom Zé

Todo compositor brasileiro
É um complexado

Por que então esta mania danada,
Esta preocupação
De falar tão sério,
De parecer tão sério
De ser tão sério
De sorrir tão sério
De chorar tão sério
De brincar tão sério
De amar tão sério?

Ah, meu deus do céu,
vai ser sério assim no inferno!

Por que então esta metáfora-coringa
Chamada "válida",
Que não lhe sai da boca,
Como se algum pesadelo
Estivesse ameaçando
Os nossos compassos
Com cadeiras de roda, roda, roda, roda?

E por que então esta vontade
De parecer herói
Ou professor universitário
(Aquela tal classe
Que, ou passa a aprender com os alunos
- Quer dizer, com a rua -
Ou não vai sobreviver)?

Porque a cobra
Já começou
A comer a si mesma pela cauda,
Sendo ao mesmo tempo
A fome e a comida

Áudio Tom Zé

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Eu Também Vou Reclamar


Lançada em 1976 no disco Há Dez Mil Anos Atrás, Eu Também Vou Reclamar, de Raul Seixas e Paulo Coelho, é um manifesto cheio de sátira com relação aos hits da época moldados em cima da mesma fórmula, dentre elas as reclamações nas letras. Os compositores não perdoam ninguém. Vale a pena prestar atenção às citações de letras de outras músicas da época, como Apenas um Rapaz Latino-Americano, de Belchior, e Nuvem Passageira, de Hermes Aquino. 

Eu Também Vou Reclamar
Raul Seixas e Paulo Coelho

Mas é que se agora
Pra fazer sucesso
Pra vender disco
De protesto
Todo mundo tem
Que reclamar

Eu vou tirar
Meu pé da estrada
E vou entrar também
Nessa jogada
E vamos ver agora
Quem é que vai guentar

Porque eu fui o primeiro
E já passou tanto janeiro
Mas se todos gostam
Eu vou voltar

Tô trancado aqui no quarto
De pijama porque tem
Visita estranha na sala
Aí eu pego e passo
A vista no jornal

Um piloto rouba um "mig"
Gelo em Marte, diz a Viking
Mas no entanto
Não há galinha em meu quintal
Compro móveis estofados
Me aposento com saúde
Pela assistência social

Dois problemas se misturam
A verdade do universo
A prestação que vai vencer
Entro com a garrafa
De bebida enrustida
Porque minha mulher
Não pode ver

Ligo o rádio
E ouço um chato
Que me grita nos ouvidos
Pare o mundo
Que eu quero descer

Olhos os livros
Na minha estante
Que nada dizem
De importante
Servem só prá quem
Não sabe ler

E a empregada
Me bate à porta
Me explicando
Que tá toda torta
E já que não sabe
O que vai dá prá mim comer

Falam em nuvens passageiras
Mandam ver qualquer besteira
E eu não tenho nada
Prá escolher

Apesar dessa voz chata
E renitente
Eu não tô aqui
Prá me queixar
E nem sou apenas o cantor

Que eu já passei
Por Elvis Presley
Imitei Mr. Bob Dylan, you know...
Eu já cansei de ver
O sol se pôr

Agora eu sou apenas
Um latino-americano
Que não tem cheiro
Nem sabor

E as perguntas continuam
Sempre as mesmas
Quem eu sou?
Da onde venho?
E aonde vou, dá?

E todo mundo explica tudo
Como a luz acende
Como um avião pode voar
Ao meu lado um dicionário
Cheio de palavras
Que eu sei que nunca vou usar

Mas agora eu também resolvi
Dar uma queixadinha
Porque eu sou um rapaz
Latino-americano
Que também sabe
Se lamentar

E sendo nuvem passageira
Não me leva nem à beira
Disso tudo
Que eu quero chegar
-E fim de papo!

Vídeo Raul Seixas

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Obrigado Não


Obrigado Não, rock crítico de Rita Lee e Roberto de Carvalho, foi lançado no disco Santa Rita de Sampa, em 1997. Participam: Jimmy Johnson (baixo elétrico), Luiz Conte (percussão), Roberto de Carvalho (guitarras, órgão, vocal e arranjo), Tim Pierce (guitarra), Vinnie Colaiuta (bateria). O clip da música também é ótimo!

Obrigado Não
Rita Lee e Roberto de Carvalho

Quanto mais proibido
Mas faz sentido a contravenção
Legalize o que não é crime
Recrimine a falta de educação
Gravidez versus aborto
Quem quer nascer no Mar Morto
Quem quer morrer antes da concepção

Obrigado não
Obrigado não
Obrigado não
Obrigado não

Separe o joio do trigo
O Maquiavel do seu amigo
Casamento gay além de opção
É controle de população
Foi-se a ditadura militar
Foice e martelo não vão mais vingar
Servir exército só se for da salvação

Tchu ru ru Tchu tchu ru tchu

Diga não às drogas, mas seja educado: Diga não, obrigado
Por que whisky sim, por que cannabis não?
Cuidado com a polícia, cuidado com o ladrão
Não seja condenado a votar em canastrão

Vídeo Rita Lee, Roberto de Carvalho (e Beto Lee)

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Só de Você


De Roberto de Carvalho e Rita Lee, Só de Você está no disco deles de 1982. Com uma orquestra de corda, essa música tem a participação de integrantes do Roupa Nova, além de Cesar Camargo Mariano.

Só de Você
Roberto de Carvalho e Rita Lee

Será que a gente ainda será
A velha estória de amor que sempre acaba bem, meu bem
Meio demodée pra hoje em dia
Antigamente, tudo era bem mais chique

Porque a gente nem sabe por quê
Mas acontece que eu nasci pra ser só de você
É claro que a sorte também ajudou
Ultimamente, um romance dura pouco

Cola, seu rosto no meu rosto
Enrola, seu corpo no meu corpo
Agora, está na hora de dançar…

Será que a gente ainda será
A velha estória de amor que sempre acaba bem, meu bem
Um tanto quanto demodée pra hoje em dia
Antigamente, tudo era bem mais chique

Áudio Rita Lee e demais músicos

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Desenho de Giz


Desenho de Giz, de João Bosco e Abel Silva, foi gravada por João no seu disco Ai Ai Ai de Mim, de 1986. Além da voz e do violão do mineiro de Ponte Nova, participam Eduardo Del Barrio (DX-7 e JX-8P) e Nico Assumpção (contrabaixo). É uma das minhas favoritas dos seus shows, como pode ser conferido no vídeo também postado.

Desenho de Giz
João Bosco e Abel Silva

Quem quer viver um amor
Mas não quer suas marcas
Qualquer cicatriz

Ah, ilusão, o amor
Não é risco na areia
Desenho de giz

Eu sei que vocês vão dizer
A questão é querer
Desejar, decidir

Aí, diz o meu coração
Que prazer tem bater
Se ela não vai ouvir

Aí minha boca me diz
Que prazer tem sorrir
Se ela não me sorrir também

Quem pode querer ser feliz
Se não for por um bem
De amor

Cantar, mas me digam pra quê
E o que vou sonhar
Só querendo escapar à dor

Quem pode querer ser feliz
Se não for por amor

Áudio João Bosco e demais músicos



Vídeo João Bosco

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Jura Secreta


Clássico da música popular basileira, Jura Secreta, de Sueli Costa e Abel Silva, interpretada aqui por Simone, com Gilson Peranzzetta (piano elétrico) e Zé Roberto (Moog Arp), no álbum da Cigarra intitulado Face a Face, de 1977. Também é postado um vídeo com a cantora.

Jura Secreta
Sueli Costa e Abel Silva

Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei

Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada que eu quero me suprime
De que por não saber ainda não quis

Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega, o que me faz infeliz
É o brilho do olhar que não sofri

Áudio e vídeo Simone e demais músicos




quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Voz e Suor


Faixa-título do excelente LP de Nana Caymmi e Cesar Camargo Mariano de 1983, Voz e Suor é uma parceria de Sueli Costa e Abel Silva.

Voz e Suor
Sueli Costa e Abel Silva

Guarda de mim
O que for o melhor
Os meus sonhos, os delírios
A voz e o suor
Pois sempre na vida
Chega o momento em que
Se desatam os nós
É a vida que afasta
Apaga ou faz brilhar
A chama no peito dos homens

Mas nunca a minha garganta
Dirá meu amor
Nunca mais

Esqueça o que for
Pequenino e vulgar
Aquela palavra
Ferina e mordaz
Esqueça o gesto da hora infeliz
O meu coração sempre soube
O que quis

Áudio Nana Caymmi e Cesar Camargo Mariano

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Comentário a Respeito de John


Comentário a Respeito de John, de Belchior e José Luis Penna, cita Happiness Is a Warm Gun, canção de John Lennon e Paul McCartney. Lançada no ótimo álbum de Belchior, de 1979.

Comentário a Respeito de John
Belchior e José Luis Penna

Saia do meu caminho
Eu prefiro andar sozinho
Deixem que eu decida a minha vida

Não preciso que me digam
De que lado nasce o sol
Porque bate lá meu coração

Sonho e escrevo em letras grandes (de novo)
Pelos muros do país:
João
O tempo
Andou mexendo com a gente
Sim!
John!
Eu não esqueço
(Oh No! Oh No!)
A felicidade
É uma arma quente
Quente, quente

Saia do meu caminho...

Sob a luz do teu cigarro na cama
Teu rosto-ruge
Teu batom me diz:
João!
O tempo andou mexendo com a gente
Sim!
John!
Eu não esqueço
(Oh No! Oh No!)
A felicidade
É uma arma quente
Quente, quente

Áudio Belchior


Pequeno Mapa do Tempo


Outra composição de Belchior, Pequeno Mapa do Tempo foi lançada em seu álbum Coração Selvagem, de 1977.

Pequeno Mapa do Tempo
Belchior

Eu tenho medo e medo está por fora
O medo anda por dentro do teu coração
Eu tenho medo de que chegue a hora
Em que eu precise entrar no avião

Eu tenho medo de abrir a porta
Que dá pro sertão da minha solidão
Apertar o botão: cidade morta
Placa torta indicando a contramão
Faca de ponta e meu punhal que corta
E o fantasma escondido no porão

Medo, medo, medo, medo, medo, medo

Eu tenho medo que Belo Horizonte
Eu tenho medo que Minas Gerais
Eu tenho medo que Natal, Vitória
Eu tenho medo Goiânia, Goiás

Eu tenho medo Salvador, Bahia
Eu tenho medo Belém do Pará
Eu tenho medo pai, filho, Espírito Santo, São Paulo
Eu tenho medo eu tenho C eu digo A

Eu tenho medo um Rio, um Porto Alegre, um Recife
Eu tenho medo Paraíba, medo Paranapá
Eu tenho medo Estrela do Norte, paixão, morte é certeza
Medo Fortaleza, medo Ceará

Medo, medo, medo, medo, medo, medo

Eu tenho medo e já aconteceu
Eu tenho medo e inda está por vir
Morre o meu medo e isto não é segredo

Eu mando buscar outro lá no Piauí
Medo, o meu boi morreu, o que será de mim?
Manda buscar outro, maninha, no Piauí

Áudio Belchior

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Palo Seco


À Palo Seco, de Belchior, foi lançada em seu primeiro LP de 1974, mas a música ficou nacionalmente conhecida quando o cantor, compositor e instrumentista cearense a regravou em seu disco Alucinação, de 1976. Aqui são apresentadas ambas as versões.

A Palo Seco
Belchior

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos, lhe direi
- Amigo, eu me desesperava
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73[76]
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul
Por força deste destino
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73[76]
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês

Aúdio Belchior (1974)



Áudio Belchior (1976)

domingo, 29 de janeiro de 2012

O Princípio do Prazer


Mais uma música do disco O Grande Encontro 2 (1997), O Princípio do Prazer, de Geraldo Azevedo com o ele, Elba Ramalho e Zé Ramalho.

O Princípio do Prazer
Geraldo Azevedo

Juntos vamos esquecer
Tudo que doeu em nós
Nada vale tanto pra rever
Tempo que ficamos sós
Faz a tua luz brilhar
Pra iluminar a nossa paz

O meu coração me diz
Fundamental é ser feliz

Juntos vamos acordar o amor
Carícias, canções
Deixa entrar o sol da manhã
A cor do som
Eu com você sou muito mais
O princípio do prazer
Sonho que o tempo não desfaz

Áudio Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Zé Ramalho

sábado, 28 de janeiro de 2012

Bicho de 7 Cabeças


Bicho de 7 Cabeças, de Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha, em três versões: a primeira instrumental com Zé Ramalho em seu disco de 1978, a segunda com Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, no álbum homônimo deste último, lançado em 1979, e a última com Zé, Elba e Geraldo no disco O Grande Encontro 2, de 1997.

Bicho de 7 Cabeças
Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha

Não dá pé
Não tem pé nem cabeça
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem jeito mesmo
Não tem dó no peito
Não tem nem talvez
Ter feito o que você me fez
Desapareça cresça e desapareça

Não tem dó no peito
Não tem jeito
Não tem ninguém que mereça
Não tem coração que esqueça
Não tem pé não tem cabeça
Não dá pé não é direito
Não foi nada
Eu não fiz nada disso e você fez
Um bicho de 7 cabeças
Bicho de 7 cabeças

Áudio Zé Ramalho



Áudio Geraldo Azevedo e Elba Ramalho



Áudio Zé Ramalho, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Chorando e Cantando


Chorando e Cantando, de Geraldo Azevedo e Fausto Nilo, foi lançada por Geraldo em 1986 no seu álbum De Outra Maneira e regravada no disco Raízes & Frutos, de 1998. Também apresento um vídeo com Fausto Nilo interpretando essa ótima música: quando fevereiro chegar...

Chorando e Cantando
Geraldo Azevedo e Fausto Nilo

Quando fevereiro chegar
Saudade já não mata a gente
A chama continua
No ar
O fogo vai deixar semente
A gente ri, a gente chora
A gente chora
Fazendo a noite parecer um dia
Faz mais
Depois faz acordar cantando
Pra fazer e acontecer
Verdades e mentiras
Faz crer
Faz desacreditar de tudo
E depois
Depois amor ô, ô, ô, ô

Ninguém, ninguém
Verá o que eu sonhei
Só você, meu amor
Ninguém verá o sonho
Que eu sonhei

Um sorriso quando acordar
Pintado pelo sol nascente
Eu vou te procurar
Na luz
De cada olhar mais diferente
Tua chama me ilumina
Me faz
Virar um astro incandescente
O teu amor faz cometer loucuras
Faz mais
Depois faz acordar chorando
Pra fazer e acontecer
Verdades e mentiras
Faz crer
Faz desacreditar de tudo
E depois
Depois amor, amor ô, ô, ô, ô

Áudio Geraldo Azevedo (1986, também aqui, e 1998)






Vídeo Fausto Nilo

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Elefante


Ouvia muito essa música quando era criança, no início dos anos 80, quando foi apresentada no programa dos Trapalhões. Interpretada por Emilinha e Robertinho de Recife (do seu LP Satisfação, de 1981), só recentemente fiquei sabendo que Fausto Nilo é um dos compositores.

O Elefante
Robertinho de Recife e Fausto Nilo

Como criança que vai viajar
Acordei cedo e vi você sonhar
Uma ciranda doce pelo ar
E a natureza foi se balançar
A fantasia me faz delirar
Que foi que eu disse? Eu cantei sem pensar
É uma doidice que essa dança dá
É uma doidice que essa dança dá

De que país vem esse carnaval
Se o oriente nasce em meu quintal
E um sol mais quente brilha muito mais
E um corpo quente que alegria traz
Ô Papa Kid, cadê meu ganzá?
Do Congo-Belga que eu mandei buscar
Essa guitarra grita muito mais
Essa guitarra grita muito mais

Um elefante brinca muito mais
Se uma menina vai correndo atrás
Que foi que eu fiz? Foi te fazer feliz
Que foi que eu fiz? Foi te fazer chorar
Será difícil alguém pronunciar
Na melodia que essa letra dá
Na fala dela, linda é Aliá
Na fala dela, linda é Aliá

Se a natureza não me abandonar
No meu reinado você reinará
Tarzan dormindo no canavial
Tantor fazendo amor no bambual
Como a Colúmbia fosse viajar
Numa ciranda doce pelo ar
Acordei cedo e vi você sonhar
Como criança que vai viajar

Áudio Emilinha e Robertinho do Recife



Vídeo Emilinha e Robertinho do Recife nos Trapalhões

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Luiza


Hoje assisti no cinema o filme A Música Segundo Tom Jobim, de sua neta Dora Jobim (ouvir sua entrevista sobre o filme aqui) e de Nelson Pereira dos Santos (ver trailer do filme aqui e vídeo homônimo também dirigido por Nelson sobre Tom, em 1984, aqui). Realmente um arraso. Meu sonho de fazer um documentário musical, sem entrevistas, estava ali realizado, em sons e imagens! E durante a sessão me lembrei que coincidentemente também é aniversário do Maestro Soberano, que completaria hoje 85 anos. Escolhi para esta postagem especial uma das minhas canções favoritas: Luiza, do próprio Tom, que a interpreta nesse vídeo tocando piano.

Luiza
Tom Jobim

Rua,
Espada nua
Boia no céu imensa e amarela
Tão redonda a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E no silêncio lento
Um trovador, cheio de estrelas
Escuta agora a canção que eu fiz
Pra te esquecer Luiza
Eu sou apenas um pobre amador
Apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração

Vem cá, Luiza
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol
Nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando então os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar Luiza
Luiza
Luiza

Vídeo Tom Jobim

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Se Meu Jardim Der Flor


Finalmente a planta que ganhei de presente da Patrícia e da Silvana floriu. Aí me lembrei do grande encontro de dois grupos vocais, Boca Livre e MPB-4, na interpretação de Se Meu Jardim Der Flor, de Zé Renato e Xico Chaves, lançada no disco Folia, do Boca Livre, em 1981.


Se Meu Jardim Der Flor
Zé Renato e Xico Chaves

Se meu jardim der flor
Colore em mim a saudade
No meio dessa cidade
Que a manhã clareou

Virá um beija-flor
Aqui ali sem pousar
E vai entrar nos meus olhos
Só pra te encontrar

Dê asas ao amor
Que vive dentro de todo bom coração
Pro mundo ser mais bonito
Em cada palmo de chão

Vídeo Boca Livre e MPB-4

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Viena Fica na 28 de Setembro


Elis Regina: 30 anos depois...

Sem dúvida uma das melhores duplas reveladas por Elis foi João Bosco e Aldir Blanc. No mesmo ano da morte da cantora, os compositores fizeram uma homenagem a ela e a outros nomes da música brasileira na inspirada Viena Fica na 28 de Setembro, lançada no disco de João intitulado Comissão de Frente, de 1982, com a participação, além do músico mineiro (voz, violão e arranjo), do ex-marido e arranjador dos discos de Elis nos anos 1970, Cesar Camargo Mariano (Prophet V, piano Fender Rhodes, Arp Strings e arranjo).


Vale lembrar que 28 de Setembro se refere ao boulevard de mesmo nome localizado em Vila Isabel, morada no Rio de Janeiro de ilustres compositores como Noel Rosa, Orestes Barbosa, João de Barro, Almirante e, mais recentemente, Martinho da Vila, além do próprio Aldir Blanc. As calçadas do Boulevard 28 de Setembro são decoradas com pedras portuguesas representando partituras de músicas brasileiras. Coube a Almirante nos anos 1960 fazer a seleção das músicas: Cidade Maravilhosa (André Filho) - esta primeira ainda na Praça Maracanã -, O Abre Alas (Chiquinha Gonzaga), Pelo Telefone (Donga e Mauro de Almeida), Mal-Me-Quer (Cristóvão de Alencar, Armando Reis e Newton Teixeira), Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico), Ave Maria (Ertildes Campos e Jonas Neves), Aquarela do Brasil (Ary Barroso), Jura (Sinhô), Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro), Linda Flor (Henrique Vogeler e Luís Peixoto), A Conquista do Ar (Eduardo das Neves), Luar do Sertão (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), Chão de Estrelas (Orestes Barbosa e Sílvio Caldas), Linda Morena (Lamartine Babo), A Voz do Violão (Francisco Alves e Horácio Campos), Na Pavuna (Homero Dornellas e Almirante), Primavera do Rio (João de Barro e Ernesto Nazareth), Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth), Florisbela (Nássara e Frazão) e Renascer das Cinzas (Martinho da Vila) - esta última já na Praça Barão de Drummond.

Viena Fica na 28 de Setembro
João Bosco e Aldir Blanc

Morre a luz da noite
O porre acende pra me iluminar
    numa outra cena...
Zune o vento e valsam os oitis
    no velho boulevard:
    bosques de Viena!
Escrevo carta a uma desconhecida
Com quem tive um flerte, um anjo azul...
Pobres balconistas de paquete, de ar infeliz
    são novas Bovarys...
Já perdi o expresso do oriente
    onde sempre sou
    vítima e assassino...
Tomo a carruagem e o cocheiro
    de tabela dois
    diz que é vascaíno...
Ah, triste figura, Don Quixote
    quer mais um traçado
    – cadê o Sancho?
Dá pro santo, bebe, e o passado
    volta a desfilar,
    pierrô de marcha-rancho:

...com as broncas do Ary Barroso, sem elas...
...com a bossa do Ciro Monteiro, sem ela...
...com o copo cheio de Vinícius, sem ele...
...com nervos de aço Lupicínio, sem eles...
...com as mãos do Antonio Maria, sem elas...
...com a voz do Lamartine Babo, sem ela...
...com a rosa Dolores Duran, sem ela...
...com a majestade da Elis, sem ela...

Áudio João Bosco e Cesar Camargo Mariano