domingo, 22 de maio de 2011

Pato Preto

 
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L'essentiel est invisible. On ne voit qu'avec le coeur. Esse texto de Saint-Exupéry aparece no belo encarte, com fotos de Ana Lontra Jobim, de Antonio Brasileiro (1994), último disco de Tom Jobim. É um trecho de O Pequeno Príncipe (que pode ser lido na íntegra em francês - e com links para outras línguas aqui - e em português aqui), quando a raposa diz adeus ao menino e acrescenta: "Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos". Eu associo a citação de Exupéry também com a Música, essa entidade invisível e essencial que me envolve e me deixa, a cada dia, cada vez mais perto do coração selvagem...

fotos de Ana Lontra Jobim nas páginas centrais do encarte do disco Antonio Brasileiro

Neste post apresento a música Pato Preto, de Tom Jobim, do álbum mencionado acima. Note que o tema no final é o mesmo que encerra Gabriela, do post anterior. Participam desta faixa Tom Jobim (voz e piano), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Paulo Jobim (violão e viola caipira), Danilo Caymmi (flauta), Sebastião Neto (baixo), Paulo Braga (bateria e percussão), Duduka da Fonseca (percussão) e nos vocais Ana Jobim, Elizabeth Jobim, Simone Caymmi, Maúcha Adnet e Paula Morelenbaum.       

Pato Preto 
Tom Jobim

O pato preto de asa branca
Já fez morada no brejão
Isso é sinal que a chuva vem
Que vai ter safra no sertão

O pato preto é da floresta
O paturi é do sertão
A minha vida é cardigueira
Avoante arribação

A minha vida é muito triste
A te esperar na solidão
Ah! se eu soubesse que era assim
Eu juro, eu não casava não

Eu vou me embora pra São Paulo
Vou arranjar uma viração
Depois te pego com as crianças
A sanfona e o violão

E os meninos tão bonitos
Inocentes do sertão
E a danada desta seca
Ai meu Deus que judiação
Leva nós lá pra São Paulo
Aqui não fico mais não

A minha vida é só tristeza
É desespero, é solidão
O Zeca foi lá pra São Paulo
Acho que não volta mais não

Era uma nuvem tão bonita
Era uma rosa era um balão
O camiranga deu uma volta
E sumiu na imensidão

Ó o dandá, ó o dandá
Ó o dandá, ó o dandá
O dandá, ó o dandá

É na corda da viola todo mundo sambar
É na corda da viola todo mundo sambar
Todo mundo sambar
Todo mundo sambar
Ei, andei, andei, andei
Quebra pedra

Áudio Tom Jobim

Um comentário:

alberto gonçalves disse...

Lendo o livro 'Alegria Selvagem: a lírica da natureza selvagem em Tom Jobim', de André Rocha Haudenschild (Olho d'Água, 2010), descobri que o tema que encerra a música e que também aparece no final de 'Gabriela' chama-se 'Quebra-Quebra', do próprio Tom, originalmente uma música instrumental intitulada 'Stone Flower', do disco homônimo de Tom, lançado em 1970.